31.3.03
Para meu leitor fiel:
“Ler a farmacologia clínica do ecstasy me embrulha o estômago. A idéia de que algum dia já tenha permitido que tal substância entrasse em meu corpo me apavora. Nas doses usadas para diversão (entre 100 e 150 miligramas), o ecstasy danifica os axônios de serotonina do cérebro – a parte da célula nervosa que se estende a outras células – em macacos e outros mamíferos. A evidência sugere que faça o mesmo com os humanos. A droga causa essencialmente uma explosão de serotonina e dopamina, liberando grandes estoques dessas substâncias e então danificando as células onde estão estocadas. Além disso, impede a síntese de mais serotonina. Os usuários regulares de ecstasy têm níveis mais baixos de serotonina do que as outras pessoas. Às vezes, 35% mais baixos. Pesquisadores relatam vários episódios em que uma única dose de ecstasy desencadeia uma doença psiquiátrica permanente – às vezes imediatamente, às vezes anos depois. Deprimidos não podem se dar ao luxo de baixar seus níveis de serotonina e devem portanto ficar à maior distância possível dessa droga. “Se você tomar muito e por um tempo prolongado, pode destruir sua capacidade de sentir felicidade; ela pode causar a longo prazo, os efeitos que a cocaína causa a curto prazo”, diz David McDowell, da Universidade de Columbia. “(...) O álcool pode se tornar o seu melhor amigo, mas o ecstasy não pode fazer isso. Meu medo é que muita gente que usou ecstasy em grandes quantidades, durante as duas últimas décadas, achará que está bem até despencar aos 50 anos. E os pacientes deprimidos que usam a droga? Eu digo a eles: ‘Em 20 anos vocês vão querer estar tomando apenas três remédios ou dez?’” O Demônio do Meio Dia, página 216