31.7.03
Rá. Nem a corretora leva fé que a dona M. (a louca dona do apartamento que quero comprar) realmente esteja interessada em vender, daí sua insistência em me mostrar outras coisas. Porque a história é a seguinte: esta senhora M. quer vender seu apartamento, que realmente está muito bonitinho, para comprar outro na mesma região. Tanto que minha primeira proposta era de um valor mais baixo, porém com um prazo maior para ela me entregar as chaves. Vantagem para mim e para ela, que não soube aproveitá-la. O grande problema é que ela quer comprar um apê, nem que esteja detonadão, por um valor ridículo. O comentário da corretora foi: "Imagina se acha apartamento aqui, de XX metros quadrados, por XXX mil reais... Se achasse, eu já tinha vendido para você." E ela é a típica assusta-corretor: briga com eles, xinga, grita. Só se pode ver esse raio de apartamento às quintas à tarde, vê se pode. Não é à toa que ela ainda não vendeu.
Essa história me lembrou do meu pai. Lá por 1996, 1997, ele resolveu vender seu apartamento. Onde ele ia morar eu não sei, porque era o único teto que ele tinha. O fato é que queria, cismou, colocou placa e tudo. Mas eu não corria o risco de ver meu pai debaixo de ponte, porque o velho encanou que tinha que cobrar o preço que ele valia em dólares, na época da paridade um para um. Ou seja, custaria mais que o dobro do que qualquer outro apartamento da região. Obviamente, deve ter virado a piada das imobiliárias. Eu lembro de um corretor que me ligou, implorando para que eu fizesse meu pai entender que o preço de mercado não era mais aquele, que as coisas não funcionavam assim. Mal me segurei para não informá-lo que mesmo que o apartamento custasse um real, ele não seria vendido porque metade era minha e eu não assinaria a venda por nada desse mundo.
Enfim. Voltando à "casa" da senhora M.: as "prumadas" (colunas? sei lá o que são prumadas), não foram completamente trocadas, que isso era o que o Beto amigo-do-meu-tio (ele não é mala, não, só é detalhista como todo engenheiro) queria saber. E o condomínio (cujo valor era um fator a mais de atração) acabou de aumentar para quase 400 reais. Ai. Tô quase achando bom que ela não aceitou a minha primeira proposta.
Moral da história: não adianta querer comprar de quem não quer vender.
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